quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Espero ansiosamente tu chegares.
É noite, o coração não tem compasso.
Eu que o tinha apenas um só pedaço
Trago-o na sede por teus olhares.

Espera de poemas pelos ares!
Apaixonados versos que a ti faço
aos beijos de demoras seculares...
(Nós dois que só trocamos um abraço!)

E nesta madrugada sonho a vida!
(Ela que é de mim sempre a esquecida,
Tu que nunca me vens c'o as tuas bocas.)

E lanço-me ao infinito em mil brilhos!
E vou cantando todos estribilhos!
(... apagados murmúrios, luzes roucas...)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RUAS

Ruas vadias, ruas sem ninguém.
Ruas vazias, mesmo engarrafadas.
Nas insóspitas ruas asfaltadas
esquecidos pensamentos além.

Ruas longas: tresloucadas rotinas,
trânsito intenso, fumaças dispersas,
várias calçadas, pessoas diversas,
bares, escolas, igrejas, esquinas.

Abandonado em teus ventres sem vida
vivi minha juventude perdida,
perdido se encontra o homem porvir.

Conhecidas ruas de Fortaleza,
onde solitário tento seguir
sorrindo ao amor - alegre tristeza!

sábado, 5 de dezembro de 2009


SEM PONTUAÇÃO


noite de sentimentos escondidos
que se rompem na minha solidão
sentimentos na louca imensidão
dos seguintes minutos estendidos

noite vazia noite sem razão
que altiva vai minguando meus sentidos
sem justificativas sem motivos
numa desagradável destruição

noite de estrelas noite de luares
derrama teus reflexos nos mares
não suporto mais tanta palidez

noite de nuvens noite de tristezas
corre longe de mim tuas correntezas
já me basta esta minha insensatez

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SONETO I

Perdido nestes dias - pensamentos -
Tão pouco conversamos - dois olhares -
Como pode envolver-me assim teus ares?
Domado estou por tantos sentimentos!"

Pois hoje, à tarde tenho outros lamentos,
pois sonho nos teus olhos meus olhares,
pois sonho passear por mil lugares:
mão na mão, ao sabor dos quatro ventos...

e quando perceberes meus desejos,
- o turbilhão que guardo nos meus beijos -
(somente tu que não os imagina)

e vieres conversar comigo um dia:
seremos a fusão que irradia
- imensa correnteza que alucina -

Minha música

Toda a delicadeza dos cetins,
toda a suavidade de uma brisa,
a voz leve entre seixos que desliza,
a soma dos aromas dos jasmins;

As flores coloridas dos jardins,
meu corpo único vício que precisa,
a beleza que as ruas paralisa,
rimas e versos e estrofes afins;

A calma que procuro quando acordo,
a imagem de mulher quando recordo,
a lágrima fluente no meu pranto;

Tu és meu movimento mais risonho,
tu és meu pensamento quando sonho,
tu és a melodia quando canto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

vendo o sol através destas vidraças

Cai a tarde impoluta sobre as ruas,
o mormaço invadindo-me as narinas:
ausência das tuas vozes assassinas,
os teus gestos, singelas bocas tuas,

fios d'ouro, cabelos singulares.
Esqueço-me perdido nas demoras:
pensamentos e sonhos pelos ares,
lentíssimas saudades pelas horas.

Oh, as ansiedades dilacerantes,
os desejos cruéis, desconcertantes,
e delírios e nuvens e fumaças...

Ao meu redor te sinto tão presente
pois surges como um anjo em minha frente,
vendo o sol através destas vidraças...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Enganei-me, enganei-me - paciência!
acreditei as vozes, cri, Ormia,
que a tua singeleza igualaria
à tua mais que angélica aparência.

Enganei-me, enganei-me - paciência!
ao menos conheci que não devia
pôr nas mãos de uma externa galhardia
o prazer, o sossego e a inocência.

Enganei-me, cruel, com teu semblante,
e nada me admiro de faltares.
que esse teu sexo nunca foi constante.

Mas tu perdeste mais em me enganares:
que tu não acharás um firme amante,
e eu posso de traidoras ter milhares.

Enganei-me, enganei-me - paciência! - Tomás António Gonzaga
Marília de Dirceu

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SEM

...Eu queria uma tarde mais tranquila
sem a lembrança do abandono viva...
... passear entre as ruas de uma vila
sem ter mágoa na feição pensativa...

... Eu queria estar morto numa vala
ou o gosto suave de uma uva
na boca, deitado na minha sala,
um beijo molhado banho de chuva...

... Mas os astros vespertinos sumiram;
com eles a paz, a calma partiram
- tudo cinza - esta saudade sem cor -

... Paisagismos sem beleza sem luz...
... céus sem nuvens, tristezuras azuis...
Eu, aqui nesta tarde sem amor!

domingo, 20 de setembro de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=Wo2Lof_5dy4&feature=player_embedded

sábado, 19 de setembro de 2009

Vem, garota!
Deixa eu gostar de ti!
Vem comigo...
vamos fazer amor
na chuva
dentro do mar

Vem, garota!
Deita na grama ao meu lado!
Vem comigo...
vamos fazer amor
dentro do carro
em movimento

... e durmiremos numa nuvem
... e juntos seremos um só!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Para batizar o blog:

Tortura

Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
_ E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento! ...

Sonhar um verso d’alto pensamento,
E puro como um ritmo d’oração!
_ E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!...

São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!

F.E.