vendo o sol através destas vidraças
Cai a tarde impoluta sobre as ruas,
o mormaço invadindo-me as narinas:
ausência das tuas vozes assassinas,
os teus gestos, singelas bocas tuas,
fios d'ouro, cabelos singulares.
Esqueço-me perdido nas demoras:
pensamentos e sonhos pelos ares,
lentíssimas saudades pelas horas.
Oh, as ansiedades dilacerantes,
os desejos cruéis, desconcertantes,
e delírios e nuvens e fumaças...
Ao meu redor te sinto tão presente
pois surges como um anjo em minha frente,
vendo o sol através destas vidraças...
terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Enganei-me, enganei-me - paciência!
acreditei as vozes, cri, Ormia,
que a tua singeleza igualaria
à tua mais que angélica aparência.
Enganei-me, enganei-me - paciência!
ao menos conheci que não devia
pôr nas mãos de uma externa galhardia
o prazer, o sossego e a inocência.
Enganei-me, cruel, com teu semblante,
e nada me admiro de faltares.
que esse teu sexo nunca foi constante.
Mas tu perdeste mais em me enganares:
que tu não acharás um firme amante,
e eu posso de traidoras ter milhares.
Enganei-me, enganei-me - paciência! - Tomás António Gonzaga
Marília de Dirceu
acreditei as vozes, cri, Ormia,
que a tua singeleza igualaria
à tua mais que angélica aparência.
Enganei-me, enganei-me - paciência!
ao menos conheci que não devia
pôr nas mãos de uma externa galhardia
o prazer, o sossego e a inocência.
Enganei-me, cruel, com teu semblante,
e nada me admiro de faltares.
que esse teu sexo nunca foi constante.
Mas tu perdeste mais em me enganares:
que tu não acharás um firme amante,
e eu posso de traidoras ter milhares.
Enganei-me, enganei-me - paciência! - Tomás António Gonzaga
Marília de Dirceu
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
SEM
...Eu queria uma tarde mais tranquila
sem a lembrança do abandono viva...
... passear entre as ruas de uma vila
sem ter mágoa na feição pensativa...
... Eu queria estar morto numa vala
ou o gosto suave de uma uva
na boca, deitado na minha sala,
um beijo molhado banho de chuva...
... Mas os astros vespertinos sumiram;
com eles a paz, a calma partiram
- tudo cinza - esta saudade sem cor -
... Paisagismos sem beleza sem luz...
... céus sem nuvens, tristezuras azuis...
Eu, aqui nesta tarde sem amor!
sem a lembrança do abandono viva...
... passear entre as ruas de uma vila
sem ter mágoa na feição pensativa...
... Eu queria estar morto numa vala
ou o gosto suave de uma uva
na boca, deitado na minha sala,
um beijo molhado banho de chuva...
... Mas os astros vespertinos sumiram;
com eles a paz, a calma partiram
- tudo cinza - esta saudade sem cor -
... Paisagismos sem beleza sem luz...
... céus sem nuvens, tristezuras azuis...
Eu, aqui nesta tarde sem amor!
sábado, 19 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Para batizar o blog:
Tortura
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
_ E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento! ...
Sonhar um verso d’alto pensamento,
E puro como um ritmo d’oração!
_ E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
F.E.
Tortura
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
_ E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento! ...
Sonhar um verso d’alto pensamento,
E puro como um ritmo d’oração!
_ E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
F.E.
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