segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Enganei-me, enganei-me - paciência!
acreditei as vozes, cri, Ormia,
que a tua singeleza igualaria
à tua mais que angélica aparência.

Enganei-me, enganei-me - paciência!
ao menos conheci que não devia
pôr nas mãos de uma externa galhardia
o prazer, o sossego e a inocência.

Enganei-me, cruel, com teu semblante,
e nada me admiro de faltares.
que esse teu sexo nunca foi constante.

Mas tu perdeste mais em me enganares:
que tu não acharás um firme amante,
e eu posso de traidoras ter milhares.

Enganei-me, enganei-me - paciência! - Tomás António Gonzaga
Marília de Dirceu

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